A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) está trabalhando junto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços na elaboração de uma proposta de política industrial, incluindo o setor da construção, com a questão ambiental e a certificação de mão de obra entre as suas prioridades. O presidente da ABNT, Mário William Esper, apontou a digitalização da construção e a estrutura de qualidade como outros dois pontos básicos da proposta. Esper participou do 96º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), que se encerra hoje (14), no São Paulo Expo. O encontro é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
“É fundamental a construção de baixo carbono. A ABNT tem priorizado a questão do clima”, afirmou Esper. Ele disse que a associação lançou norma de demonstração de neutralidade do carbono, durante reunião da COP 2028, no Egito, e que foi adotada por Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Segundo ele, as corporações das empresas que atuam nesses estados precisam demonstrar, com base nessas normas da ABNT, o comprometimento com a mitigação dos gases de efeito estufa.
O presidente da ABNT também destacou a necessidade de estabelecer certificação para mão de obra, a exemplo do que ocorre em outros países. “Aqui, se forma eletricista por tentativas e erros na casa do cliente”, disse. Esper informou ainda que a ABNT vai desenvolver normas técnicas relativas ao marco regulatório do saneamento, por meio de convênio com a Agência Nacional das Águas.
O presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, Dionyzio Klavdianos, afirmou que as normas são essenciais para “o setor que queira produzir com qualidade e com desempenho para a sociedade”. Ele mediou os debates do painel sobre normas técnicas. A CBIC tem um trabalho constante de acompanhamento e contribui para essa normalização.
De acordo com Roberto Matozinhos, assessor técnico do Sinduscon-MG e consultor da CBIC, além do acompanhamento, a CBIC tem um trabalho estruturado com representantes nos grupos de estudos de normas. “A norma é um referencial de qualidade, de segurança jurídica. É referência para o equilíbrio econômico de uma disputa comercial e segurança para o cliente”, afirmou. Todas as informações sobre normas técnicas referentes à indústria da construção estão disponíveis e atualizadas no portal da CBIC, de acordo com Matozinhos.
A coordenadora do CB02, que trata de normas de edificações, da ABNT, Lilian Sarrouf, ressaltou que a associação estabeleceu uma nova visão, na qual há um cuidado com a questão do clima na definição de normas. “De uma forma mais transversal, vamos ver o impacto e como a norma pode contribuir”, disse. “Vamos avançar em temas não só técnicos, mas com essa visão global de quando falamos de um produto, de um sistema, de uma edificação”, completou.