Em meio às discussões em torno da política de preços do petróleo aplicada pela Petrobras, o presidente da República, Michel Temer, recebeu o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, para tratar dos efeitos na construção civil dos reajustes diários feitos pela estatal, o que impede uma previsibilidade dos aumentos. O encontro aconteceu na tarde de ontem, no Palácio do Planalto, em Brasília.
“O Plano Real diz que o reajuste só pode ser feito uma vez ao ano, mas os nossos insumos estão sendo reajustados todos os dias. As empresas sem fôlego financeiro não vão aguentar”, explicou Martins após a reunião, ressaltando que o objetivo do encontro foi apresentar o problema e demandar uma solução para que os reajustes não fiquem tão descompassados.
A criação de uma tabela com preços mínimos de fretes para o transporte rodoviário é outra questão que preocupa os empresários do setor. A discussão já vem impactando no preço de insumos, como o cimento (+5%) e o aço longo (+3%). “Com o tabelamento do frete, desequilibrou tudo e todos os materiais sofreram algum tipo de influência. É esse reequilíbrio que teremos que estudar como fazer”, comentou o presidente da CBIC. Os efeitos serão percebidos ao longo do tempo e variam de acordo com o tipo de material, sendo que muitos insumos são pesados, como a areia e a brita, o que tem impacto no cálculo do frete.
A atual política de preços da Petrobras tem consequências, inclusive, na geração de empregos na construção civil. “Estamos falando de uma realidade que pode criar um problema sistêmico em todo o setor, o qual já empregou 3,3 milhões de trabalhadores diretamente e hoje emprega 2,3 milhões”, afirmou Martins.
Segundo o dirigente da CBIC, Temer mostrou-se bastante sensibilizado com o problema que, até então, não tinha sido percebido. O presidente da República comprometeu-se em reunir sua equipe econômica, incluindo os ministros da Fazenda e do Planejamento, para estudar formas de minimizar os efeitos na construção.