A sociedade tem acompanhado atentamente os graves fatos e desdobramentos de um período que sabemos ser histórico e cujo desfecho marcará o início de um novo ciclo em nosso país. Ele se inicia com a percepção de incontestes avanços conquistados no campo dos direitos sociais e das liberdades individuais. Hoje, constatamos que aquelas vitórias, comemoradas econômica e politicamente, deterioraram-se apressadamente a cada dia.
No centro da causa está a discussão do descontrole das contas públicas, que nos fez perder a capacidade de investimento em todas as áreas, mas, principalmente, nas que mais atingem a população mais pobre.
Em outra seara, com igual ou maior gravidade, pairam dúvidas e contestações sobre a solidez de um dos principais valores sociais e políticos conquistados pelos brasileiros nos últimos anos, a sua democracia.
Podem até parecer, mas estes não são fatos desconexos. O Brasil jamais terá uma democracia consistente sem uma máquina pública capaz e eficiente.
A discussão que envolve a Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 241, não repousa na rasa tentativa de demonstrar matematicamente aos agentes públicos que, limitar gastos públicos, adequando receitas e custos, sinaliza coerência e responsabilidade. Em sentido muito mais amplo, sua aprovação representa que a sociedade reconhece a necessidade de mudanças, e que está disposta a se mobilizar em apoiá-lo sob ampla discussão.
Portanto, se para equacionar crises e desequilíbrios de natureza estruturais do estado é necessário passar pela provação da solidez das suas regras democráticas instauradas, entendo que estamos no caminho certo.
A indústria da construção apoiará com vigor todo esforço empreendido para enfrentar o que for preciso, e por mais desafiador que seja, o conjunto de medidas que a sociedade entenda necessário para a promoção das mudanças indispensáveis para a retomada do desenvolvimento econômico sustentável em nosso estado e no nosso país.
Estamos sintonizados e trabalhando com firmeza junto aos setores público e produtivo, dando a necessária contribuição ao debate e ao processo de renovação, devolvendo a palavra 'confiança' ao dia a dia em nossos canteiros de obras.Confiamos, esse desfecho marcará o início de um novo ciclo.
Adriano Alves é diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES)