As expectativas para a inflação e os juros no final de 2024 apresentaram um cenário menos otimista, à medida que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu o ritmo de queda da taxa Selic. De acordo com a pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central com analistas do mercado financeiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o final de 2024 foi revisado para 3,76%, em comparação com a projeção anterior de 3,71% há cerca de um mês. Para 2025, as estimativas também aumentaram, passando de 3,56% para 3,66%.
O IPCA referente a abril de 2024 aumentou 0,38%, contribuindo para um acumulado de 1,80% nos primeiros quatro meses do ano e de 3,69% nos últimos 12 meses. Os grupos Alimentação e Bebidas e Saúde e Cuidados Pessoais foram os principais responsáveis pelo aumento, destacando-se o impacto dos preços de alimentos como mamão, cebola, tomate e café moído, bem como dos produtos farmacêuticos.
A tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul também pode exercer pressão sobre os preços dos alimentos, com expectativas de que o IPCA em 2024 possa atingir cerca de 4%. Embora acima do centro da meta inflacionária de 3%, as projeções indicam que a inflação permanecerá abaixo do teto de 4,5%.
Além disso, as projeções para os juros no final de 2024 aumentaram para 9,75%, refletindo um ambiente de incertezas tanto no cenário doméstico quanto internacional. As mudanças nas metas fiscais e as expectativas em relação à política monetária do Federal Reserve dos Estados Unidos também influenciaram essas revisões.
Apesar das incertezas, as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) melhoraram, com a pesquisa Focus estimando um crescimento de 2,09% para a economia brasileira. No entanto, os desafios persistem, incluindo as preocupações com as contas públicas, o cenário externo e os impactos da tragédia no Rio Grande do Sul sobre o crescimento econômico do país.
Analistas de mercado alertam que a catástrofe no Rio Grande do Sul poderá afetar o PIB do Brasil entre 0,2 e 0,3 ponto percentual, dificultando um crescimento mais robusto da economia brasileira. A situação continua sendo monitorada de perto, enquanto persistem as incertezas sobre seu impacto total.
Para a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, a economia brasileira poderá ter um crescimento de 2% neste ano. “De uma forma geral as perspectivas para a economia brasileira sinalizam crescimento de cerca de 2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta expansão de 2,2%, a mesma estimativa do Ministério da Fazenda. Mesmo com o incremento destas projeções, o Brasil deverá encerrar o ano com crescimento inferior ao observado em 2023 (2,9%)”, disse.