O Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu para 97,5 pontos em junho – um acréscimo 1,2 ponto, ante a queda de 1,4 ponto em maio. Em médias móveis trimestrais, o índice avançou 1,5 ponto.
Os dados são da Sondagem da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). A pontuação vai de 0 a 200, denotando satisfação ou otimismo a partir de 100. Foram coletadas as informações de 615 empresas, entre os dias 1 e 23 deste mês.
De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, o primeiro semestre de 2022 chegou ao final com o aumento da confiança da construção, corroborando a percepção de que o crescimento do ano passado se estendeu, alavancado pelos investimentos do mercado imobiliário e da infraestrutura.
“Na comparação interanual, o avanço é claro, com melhora de quase todos os indicadores. O destaque negativo é a piora na percepção relativa à situação corrente dos negócios, que pode ser relacionada a maiores dificuldades de acesso ao crédito e ao aumento dos custos setoriais. Já na comparação com o final do ano, a melhora da confiança não é tão significativa, o que sugere moderação no ritmo de crescimento, que sofre com os efeitos de um cenário mais desafiador enfrentado pelas empresas”, observou a economista.
Expectativas em alta
Em junho, a alta do ICST foi influenciada pela melhora tanto das avaliações sobre o momento, quanto pelas perspectivas sobre os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 1,4 ponto, para 93,9 pontos. O resultado do ISA decorreu principalmente da melhora das avaliações dos empresários sobre a situação atual dos negócios, que subiu 2,1 pontos, para 91,8 pontos. O indicador que mede carteira de contratos manteve-se relativamente estável ao variar 0,5 ponto, para 95,9 pontos.
O Índice de Expectativas (IE-CST) aumentou 0,9 ponto, para 101,2 pontos, permanecendo acima de 100 pontos (nível neutro) por três meses seguidos. Contribuiu para esse resultado o indicador da demanda prevista nos próximos três meses, que cresceu 1 ponto, para 103,5 pontos, e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses, que variou 0,8 ponto, para 98,8 pontos.
O impacto dos custos
Em maio, diversos acordos coletivos ocorreram em cidades do país, como reflexo da inflação mais elevada – o INPC em 12 meses até abril alcançou 12,47%. Assim, em junho a Sondagem da Construção captou um aumento expressivo de assinalações das empresas pesquisadas, no quesito custo da mão de obra como limitador à melhoria dos negócios.
Somando os dois quesitos – mão de obra e matéria-prima –, os custos alcançaram 50,2% das citações, destacando-se esse aumento como a principal limitação à expansão dos negócios pelas empresas.
Para Ana Castelo, “nos últimos meses, os custos voltaram a acelerar refletindo os aumentos dos salários e de materiais como aço, cimento e derivados. O resultado é que a indicação de aumento nos preços praticados pelas empresas alcançou recorde da série histórica.”
Utilização da capacidade
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 1,1 ponto percentual (p.p), para 77,1%.
O Nuci de Mão de Obra e Nuci de Máquinas e Equipamento também aumentaram 0,9 e 0,7 p.p, para 78,4% e 72,3%.