Confira o artigo do diretor Eduardo Borges, publicado na edição do jornal A Tribuna (11/04).
O best-seller Triunfo da Cidade, do economista urbano Edward Glaeser, é um livro de tirar o fôlego para amantes do planejamento urbano e desenvolvimento das cidades. Segundo o autor, as cidades que triunfam são aquelas que atraem (ou retêm) o melhor capital humano. Pessoas.
Mas, como atrair capital humano? Com qualidade de vida, traduzida como educação, trabalho, moradia, urbanismo, lazer, cultura... Os exemplos de experiências vão de Paris a Singapura, passando por muitas cidades americanas, europeias, asiáticas, etc. (obs: Pouco se fala sobre segurança pública, considerada condição básica...)
Sobre educação, além de críticas e soluções de onde ela vem se destacando, enfatiza-se o papel do Estado nesse processo. Mas o livro também traz esse olhar menos habitual, da importância da qualidade da educação para atração de capital humano: 1) Pessoas com maior escolaridade e empregabilidade têm preferência por cidades que ofereçam educação de alta qualidade para seus filhos; 2) Um ambiente acadêmico fervoroso ajuda a atrair capital humano de alta qualidade, criando um ciclo virtuoso na educação e um ambiente frutífero para inovação, contribuindo com o empreendedorismo.
No quesito trabalho, identifica-se a importância de um ambiente favorável a negócios diversificados, devendo o poder público facilitar ao máximo o livre empreendedorismo, minimizar a burocracia, o que é muito mais importante do que o Estado como motor da economia. O autor resume: “atraia pessoas boas, e saia da frente delas”.
Também se destaca a importância do maior adensamento urbano (inclusive verticalização), facilitando aumento de oferta imobiliária, com uso misto (residencial, comercial, serviços), para maior interação humana, facilitar reuniões, encontros ao acaso e ebulição de ideias, o que impulsiona o empreendedorismo. Isso sem falar no óbvio, que reduz drasticamente os gastos públicos com infraestrutura e mobilidade e atenua a alta de preços de imóveis bem localizados.
O autor reconhece que alguns grupos combatem o estilo de vida com maior adensamento urbano (denominados NIMBYs: “not in my backyard” = “não no meu quintal”), defendido pelo urbanismo sustentável, por isso esse deve ser um pilar de política pública alinhada com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (em especial o 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis), sobressaindo-se aos interesses particulares. Para essa questão, o economista urbano dedica grande parte da obra, visto que, além de essas características contribuírem com o sucesso das cidades, são cruciais para a redução do desmatamento, do consumo energético e consequentemente, do aquecimento global.
Atrair (e reter) pessoas. Qualidade de vida. Educação, empreendedorismo, urbanismo. Glaeser relaciona com maestria esses importantes ingredientes para o sucesso das cidades nesta obra. Leitura obrigatória para planejamento de qualquer projeto político sério em âmbito municipal neste ano eleitoral.
Eduardo Schwartz Borges é engenheiro, mestre em urbanismo e diretor do Sinduscon-ES.