A oferta final de imóveis residenciais verticais novos registrou queda de 14,4% no segundo trimestre de 2018 em relação ao mesmo trimestre de 2017. Considerando a média mensal de vendas do próprio trimestre, a expectativa é de que esse estoque de unidades habitacionais verticais seria escoado em 12 meses. Há um ano, esse indicador era de 19 meses. “Esses 12 meses de prazo de estoque são históricos”, destacou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, nesta segunda-feira (20/08) durante divulgação do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o Senai Nacional.
“Se o Brasil tiver um presidente da República comprometido com reformas e com o desenvolvimento, e o País crescer de 2019 para 2020 (de 1,5% no ano e no outro 3%) já faltarão imóveis, alertou o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, Celso Petrucci. “Corre-se o risco de subir o preço do imóvel, por fatores de mercado, não por fatores de aumento do custo ou melhoria de renda das pessoas, o que pode gerar um desequilíbrio entre a renda das famílias e os produtos, Assim, o setor corre risco de ficar novamente sem mercado”, completou Martins.
De acordo com o estudo, realizado em 21 cidades, apesar das vendas estarem maiores que os lançamentos, ainda não são suficientes para repor o que está sendo vendido. As vendas apresentaram aumento significativo de 32,1% em relação ao mesmo trimestre de 2017, período em que os lançamentos cresceram 19,9%. Em relação ao trimestre anterior, o crescimento no número de lançamentos foi de 119,7% e as vendas cresceram 17,3%.
“Os financiamentos imobiliários, tanto do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) quanto da Caderneta de Poupança, cresceram em torno de 5% de janeiro a junho deste ano. A expectativa de crescimento até o final do ano, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), é de 17%”, mencionou Petrucci.
Nas cidades pesquisadas, o aumento no lançamento no segundo trimestre foi de 85,7%, com destaque para o crescimento significativo de São Paulo e Goiás. Do primeiro para o segundo trimestre de 2018, foram lançadas 11,6 mil unidades. No País, de acordo com as cidades pesquisadas, foram lançadas mais de 25 mil unidades. A região Nordeste teve um decréscimo de 4,7% se comparado ao trimestre anterior, enquanto as regiões Centro-Oeste (679,7%) e a Sul (234,1%) tiveram um crescimento considerável.
Assim como os lançamentos, as vendas também registram crescimento em 85,3% das cidades/regiões pesquisadas. Quase 30 mil unidades foram vendidas no segundo trimestre do ano. O crescimento das vendas foi praticamente estável em todas as regiões, com destaque para o Norte (40,7%), Nordeste (34,7%) e o Sudeste (16,4%).
Com relação à oferta de imóveis residenciais, 22% das praças pesquisadas registraram aumento na oferta final, que são as unidades não vendidas. Quase 80% registram queda. Enquanto no primeiro trimestre de 2017 haviam 146 mil unidades não vendidas, no segundo trimestre são 124 mil. “Não há sobra de imóveis. O País que tem uma oferta que poderia ser escoada em 12 meses está praticamente com a oferta equilibrada”, reforçou Petrucci.
Nos últimos anos há uma certa estabilidade no mercado. Ao contrário do que ocorria no passado, em que se tinham muitos imóveis prontos e não vendidos. Hoje os imóveis na planta representam menos de 20% do que não está vendido, os imóveis em construção perto de 50% e os imóveis prontos perto de 30%.
Celso Petrucci, presidente da CII/CBIC e responsável pelo estudo, avalia que, se comparado a 2017, o mercado imobiliário terá um crescimento positivo. No entanto, reforçou a importância da continuidade do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e da preservação de aplicação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais é uma iniciativa da CBIC para acompanhar o desempenho do mercado imobiliário brasileiro, com vistas a oferecer um panorama nacional do setor em 21 localidades. Desencadeado em 2015, em correalização com o Senai Nacional, o estudo traz como avanço a criação de uma metodologia única para a coleta de amostras e compilação de resultados, permitindo a comparação periódica e garantindo mais consistência aos dados. Com esse estudo, a entidade apresenta um termômetro do setor, para que empresas privadas e entes públicos possam tomar melhores decisões e antever tendências.