A greve dos caminhoneiros tem gerado enormes prejuízos à indústria da construção. A estimativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) é de que o setor já perdeu mais de 2,9 bilhões de renda nesses oito dias, sem contabilizar os reflexos futuros.
“Depois de tirar os trens do trilho, colocar ele de volta não é fácil”, destaca o presidente da CBIC, José Carlos Martins, alertando que, problema semelhante ao dos caminhoneiros tem sido vivenciado pelo setor, no que se refere à nova política de preços de materiais asfálticos adotado pela Petrobras. Os aumentos já tiveram impacto considerável sobre todos os contratos de empreendimentos que utilizam esses produtos: obras rodoviárias, pavimentações urbanas, reposições de pavimentos em obras de saneamento, serviços complementares em loteamentos, urbanizações do Minha Casa, Minha Vida, entre outros.
A CBIC assina nota divulgada ontem (28/05) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com posicionamento sobre a paralisação dos caminhoneiros e seus impactos.
O Brasil parou. Não pode continuar parado.
“O Brasil está parado. Precisamos retornar à normalidade. O movimento dos caminhoneiros foi atendido nas suas demandas. É hora de deixar trabalhar quem quer trabalhar. É preciso, imediatamente, desbloquear vias de transporte e proteger aqueles que querem voltar a trafegar.
Estamos na iminência de problemas ainda mais graves do que vimos até agora. Não se trata apenas de distribuição de combustíveis.
Sem ração, já foram sacrificadas 100 milhões de aves. Além de deixar as famílias brasileiras sem ovos e sem carne, há um grave risco à saúde pública e ao meio ambiente. Não há sequer como enterrar as carcaças desses animais. Desde o início da paralisação, foram jogados fora 300 milhões de litros de leite.
O abastecimento de água para uso humano está comprometido porque não estão sendo entregues produtos químicos para tratamento.
Corremos o risco de ficar sem comunicação. Os grupos geradores, que suprem energia para as telecomunicações na ausência da energia elétrica, necessitam de diesel e podem parar de funcionar. Além disso, as equipes de manutenção enfrentam dificuldades para se deslocar.
Crianças estão fora das escolas. Pacientes em hospitais correm risco de morrer por ausência de insumos, como oxigênio.
Milhões de brasileiros não conseguem trabalhar. Já temos 13,7 milhões de desempregados e esse número deve piorar. A retomada do crescimento econômico, que já vinha lenta, pode demorar muito mais.
Não é hora para movimentos oportunistas. Novas paralisações, neste momento, são inaceitáveis. Cada um precisa assumir a sua parte de responsabilidade para superar essa situação. A prioridade deve ser o reabastecimento imediato e aceleração da discussão sobre os problemas estruturais do país, tais como revisão do papel da Petrobras, revisão tributária, reavaliação da matriz de transporte e investimento em infraestrutura.
A indústria brasileira, representada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelas federações estaduais e pelas associações setoriais, conclama as autoridades a buscar uma solução imediata para essa situação. É fundamental que a Presidência da República, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público e os governos estaduais se empenhem para vencer essa crise”.