Pela terceira vez consecutiva, a indústria da construção encerra o ano com retração: uma queda de 6% em 2017, segundo o balanço anual da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). No acumulado da crise iniciada em 2014, o total de postos de trabalho perdidos ultrapassa o patamar de 1 milhão. Embora com sinais de reação da economia brasileira, os números da construção civil e do mercado imobiliário ainda são alarmantes. “Não existe retomada de desenvolvimento com sustentabilidade que não seja baseado no investimento. Se você não investir, você não eleva o Brasil”, destacou o presidente da CBIC, José Carlos Martins, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (11), em Brasília.
A retração em 2017 impactará ao menos em 0,5% negativo a economia deste ano. A cadeia produtiva do setor da construção, que já teve participação de 10,5% no Produto Interno Bruto brasileiro, agora representa 7,3% de um PIB menor. “Temos a doença, o diagnóstico, mas não um remédio adequado que tenha servido nos últimos tempos”, compara Martins. A recuperação da indústria depende de três fatores essenciais identificados por dirigentes e empresários do setor: o investimento em infraestrutura, especialmente em projetos de concessões e parcerias público-privadas; o restabelecimento do crédito, com a retirada de impedimentos a financiamentos; e a melhoria no ambiente de negócios, com iniciativas voltadas a segurança jurídica e desburocratização.
A expectativa é de pequena recuperação já a partir do próximo ano – 2% positivos – caso as medidas propostas pelo setor da construção sejam atendidas pelo Executivo e Legislativo. “Acreditamos demais em 2018, muito mais pela necessidade que o País tem da gente do que propriamente pelos números que temos aqui”, comentou confiante o presidente da CBIC. No entanto, o economista Luís Fernando Melo Mendes alertou que “é imprevisível imaginar qual seria o número negativo uma vez que essas questões não avancem”. Em um cenário de inércia governamental, a chance de nova retração é muito grande.
Participaram também da coletiva o presidente da Comissão de Infraestrutura (COP), Carlos Eduardo Lima Jorge; e o presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT), Fernando Guedes.